A Tevilah ou Imersão

Tevilá, termo hebraico para identificar o “batismo bíblico” (imersão nas águas), cuja raiz vem do verbo tabal, que significa “mergulhar, imergir”, o verbo transmite a ideia de imergir um corpo ou um objeto num líquido.

Na septuaginta (Septuaginta – palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX. É o nome da versão da Bíblia hebraica traduzida em etapas para o grego koiné, entre o século III a.E.C. e o século I a.E.C.), a palavra geralmente utilizada é bapto para traduzir a palavra tevilá.

Porém, no Tanakh (Primeiro Testamento/Aliança) não há uma tradução literal (do hebraico para o português) da palavra “batismo”. O termo que pode expressar melhor seu significado é IMERGIR (banhar, lavar, derramar, cobrir e purificar).

“Então, desceu e imergiu no Jordão sete vezes, conforme a palavra do homem de Elohim, e a sua carne tornou, como a carne de um menino, e ficou purificado.” – 2 Reis 5:14.

Fica bem definido que a imersão é um conceito judaico de purificação ou Tevilá. Este conceito é bem claro no Livro de João 3:25-26.

“Uma discussão inicia-se, então, entre os adeptos de João e um judeu a propósito da purificação. Eles vêm a João de lhe dizem: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, aquele de quem testemunhaste, ei-lo que imerge e todos vêm a ele.”

Em observância ao conceito de “purificação”, a tradição bíblica judaica trata a imersão como objeto de uma legislação rigorosa, uma vez que dela depende o estado de pureza do ritual para o bom funcionamento da aliança com Adonai.

1°) Os sacerdotes imergiam antes de vestir suas roupas litúrgicas para adentrar no santuário. (Ex 40:12, Lv 8:6, Lv 16:4);

2°) Também os portadores de sarna. (Lv 14:8, Lv 15:13);

3°) Todos os que eram considerados em estado de impureza ritual. (Lv 15:14, Lv 15:16, Lv 15:18-20, Lv 17:15, Num 19:19);

A necessidade de uma legislação rigorosa vem pelo objetivo de que não venhamos apenas cumprir um ritual de purificação, mas sim de santidade, isto é, com a verdadeira intenção, para que sejamos verdadeiramente limpos.

A Torá em Deuteronômio 23:10-11, diz que: “Se houver entre vós alguém que por motivo de polução noturna não esteja limpo, sairá do acampamento; não permanecerá nele. Porém em declinando a tarde, lavar-se-á em água; e posto sol, entrará para o meio do acampamento”.

O estado de impureza obriga o homem a se purificar para reencontrar a integridade que lhe permite o retorno à vida sacramental. Está é a proposta de João (Yochanan – “YAH concedeu graça”) o Imersor.

João é apresentado como aquele que foi incumbido de ensinar, orientar (preparando o caminho) e com habilidade reunindo, ou seja, juntando e ligando o primeiro testamento com o segundo testamento.

A imersão que João praticava, tem o simbolismo judeu tradicional da purificação das faltas para um bom funcionamento da Aliança com o Eterno. João anuncia a Palavra libertadora de Adonai.

Mateus 3:1-2 – Naqueles dias, apareceu João, o Imersor. Ele chama no deserto da Judéia e diz: Retornai; sim, está próximo o reino dos céus.

João anuncia a Teshuvá (arrependimento/retorno), que é o ato de retorno a Adonai e a para Sua Torá, condiciona a nossa libertação e a vinda do reino dos céus.

Yeshua HaMashiah solicita a imersão realizada por João.

Mateus 3:14-15 – Mas João impede e diz: Eu careço de ser imerso por ti, e vens tu a mim? Yeshua, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por enquanto, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu.

Yeshua ao solicitar a imersão praticada por João significa: “cumprir toda a justiça…“, pois fazendo assim ele permanece no seio de Israel (assume sua identidade judaica na prática da imersão), ao cumprir a cerimônia de ablução (lavagem do corpo) observada pelo seu povo como ritual de purificação.

Diante deste fato, Yeshua evidencia que a Tevilá não é um ato novo (invenção do Segundo Testamento), mas o cumprimento do ritual praticado pelos seus Pais e que precisava ser observado por todos que por ele fizessem adesão (discípulos).

Por isso que a mensagem de João o Imersor da ênfase para que os homens se submetam e obedeçam ao Mashiach Yeshua, sob pena de estarem sujeitos à ira de Elohim.

Mateus 3:7 – E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham para a imersão, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura?

A ira de Elohim virá no descumprimento da Sua Palavra, conforme a Torá. (Deut. 6:10-15)

João enfatiza para que os homens se submetam ao Mashiach, pois Yeshua tem em si a anulação da ira divina e uma reconciliação com Elohim (Romanos 5:1-11, 1 Tessalonicenses 1:8-18)

Romanos 5:9 – Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.

1º Tessalonicenses 1:10 – E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Yeshua, que nos livra da ira vindoura.

A imersão (tevilá) praticada pelos hebreus é um rito de purificação ao qual, a partir daí, já dava um significado, que seria adesão, ou seja, a união, junção pessoal do Mashiach Yeshua e seus ensinamentos, de quem cada um esperava a total libertação.

Romanos 6:1-5 – Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Yeshua HaMashiach fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como o Mashiach foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com Ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição.

A ação pública de Yeshua só começará após a imersão.

Mateus 3:13 – Então veio Yeshua da Galileia ter com João, junto ao Rio Jordão, para ser imerso por ele.

João 3:22 – Depois disto foi Yeshua com os seus discípulos para a terra da Judeia; e estava ali com eles, e emerge.

Yeshua ao deixar Jerusalém, permaneceu na região rural da Judeia; ele aparentemente, não retorna à Galileia, mas descendo ao vale do Jordão vai encontrar João. Yeshua pratica a imersão de seus adeptos fazendo-os entrar nas águas. O homem ou a mulher que praticam esse rito imergem totalmente três vezes a fim de serem purificados de suas faltas. João esclarece que não era o próprio Yeshua quem presidia a cerimônia de imersão, mas seus adeptos. (João 4:2).

O primeiro significado habitual do rito de imersão (tevilá) é de retorno (teshuvá) ao Eterno através da declaração individual:

BARUCH ATA ADONAI, ELOHÊNU MÉLECH HAOLAM, ASHER KIDESHÁNU BEMITSVOTÁV VETSIVÁNU AL HATEVILÁ. B’SHEM YESHUA HAMASHIACH. AMÊM.

BENDITO SEJAS TU, ETERNO, NOSSO ELOHIM, REI DO UNIVERSO, QUE NOS SANTIFICASTE COM TEUS MANDAMENTOS E NOS ORDENASTE FAZER A IMERSÃO NA ÁGUA. EM NOME DE YESHUA O MESSIAS. AMÉM.